domingo, 10 de maio de 2009

Complexo de princesa

Estava numa festa de criança, decorada com o tema da Cinderela. Tinha umas dez imagens da princesa, mas o príncipe aparecia em duas – idênticas, por sinal. Pensei em outras histórias de princesas, e notei a mesma coisa: quem é o príncipe? Uma conhecida que estava perto lembrou o nome do príncipe da Pequena Sereia, Erick. Mas só.

Então, me veio uma conclusão muito diferente de todas que eu já ouvi falar sobre essas histórias de princesas: o príncipe é um figurante! Quase como o cara que aparece tomando suco de laranja ao fundo na Malhação, já que os dois não têm nem nome.

E, depois, vêm me dizer que a princesa era uma sonhadora, submissa, que apenas esperava o príncipe chegar... bom, o que uma mulher podia fazer, naquela época, além de varrer chão, colher flores e cantar com os pássaros? Ela só esperava o príncipe encantado porque era a única coisa que ela tinha para fazer. Se ela trabalhasse numa multinacional, tivesse que pagar as prestações da geladeira ou terminar o trabalho da faculdade a tempo, não teria um minuto no dia para pensar no príncipe. E, se tivesse (afinal, nós sempre encontramos um tempinho para falar deles), não seria prioridade na vida dela.


Na foto: o tédio da princesa.



No final, eles se encontram e ela foge com ele; larga tudo na sua vida em troca do amor e vive feliz para sempre. Novamente, o que é “tudo” na vida da princesa? Ela seria louca se não trocasse uma madrasta cruel e uns animais falantes por uma vida em que, no mínimo, alguém a amasse de verdade.

As princesas que nos encantaram na infância eram mulheres fortes: órfãs, maltratadas pela madrasta, corajosas para mudar completamente suas vidas. E, em suas histórias, os príncipes encantados nem nome tinham. As princesas protagonizavam sua própria história – e é isso que toda mulher devia fazer: encarnar a princesa todo dia. Enfrentar a saudade da família, ser maltratada pelo chefe e ter coragem para mudar e ser feliz. Se aparecer um príncipe no caminho, ótimo, mas o nosso final feliz não depende dele. Afinal, hoje em dia, temos muito mais coisas para ocupar nosso tempo.

(era para ter postado esse texto no Lobotomia, mas, como não sou assinante da Globo.com, não posso mais escrever no meu blog.)

3 comentários:

Kevin disse...

Poxa, a Fera nem é coadjuvante rs... E nem te conto o que a Branca de Neve fazia com o Anões rs

Mas isso é tudo coisa da mente doente do sr walt... ele que é o machista da história e não as princesas que são submissas... pense nisso!

Marina. disse...

ótimo! até li alto pra galera!

Ana Lis Soares disse...

adoreii! hahahahaha.... mto bom!