sábado, 10 de janeiro de 2009

"A Lei e o Crime": uma mistura de Barcellos e Padilha?

Com uma nova produção no ar, A Lei e o Crime, a Record tenta atrair os olhares do público nas noites de segunda feira. O horário escolhido pela emissora, 11 e 15 da noite, é bem estratégico, uma vez que a esa altura os telespectadores da Globo e do SBT já começam a mudar de canal, a "zapiar".

E para conquistar a atenção dos zapiadores de plantão, A Lei e o Crime aposta em uma trama de ação e violência urbana, envolvendo a história do morro com a do asfalto. Somado a isso, a série entrelaça 3 personagens diferentes: um policial sanguinário, um frente de morro e uma delegada ex-sociality. O que todos têm em comum? A ligação, de alguma forma, com a lei e com o crime.

Apesar desses ingredientes, a Record não inovou no atual cenário brasileiro, apenas seguiu uma tendência que tem se fortalecido. A começar pela linguagem, o seriado se assemelha aos livros do jornalista Caco Barcellos, que faz uso de expressões típicas do morro, como "perdeu!", esculacha, não" e "cara comédia".

Linguagem a parte, A Lei e o Crime também encosta em Barcellos com o personagem Nando, que depois de matar o sogro, vira dono de uma favela. Apesar de ser um criminoso, o primeiro capítulo mostrou o lado humano do personagem. O mesmo olhar sobre criminosos já fui usado por Caco Barcellos no livro "Abusado, o Dono do Morro Dona Marta", com a história de vida do traficante Juliano VP. Além disso, quem já leu "Rota 66", outro livro do jornalista, facilmente associará a figura do violento policial Nepomuceno ao policial Romero do seriado, vivido pelo ator Caio Junqueira.


Por falar em Caio Junquiera, não podemos esquecer que o ator fez o filme Tropa de Elite, de José Padilha. No entanto, enquanto no longa Junqueira era o bonzinho Aspira 06, na série o ator é um tipo de "Capitão Nascimento", ou seja, um policial despreparado emocionalmente e que transforma toda ação em ato selvagem.

A semelhança de A Lei e o Crime co Tropa de Elite, contudo, está em algumas cenas do seriado: a mesma cena utilizada por Padilha, em que a arma aparece apontada diretamente para os olhos do público, como se o cano da arma fosse um dedo nos acusando e como se o projétil viesse parar no meio da nossa testa, também foi usada pela série. Sem contar no vários minutos seguidos de muito sangue e agressão física.

Essas comparações, porém, não são uma crítica. Por outro lado, a trilha sonora das cenas de ação e a atuação de alguns atores da série da Record merece algumas leves alfinetadas. Por fim, a pergunta que fica é: será que A Lei e o Crime fará tanto sucesso quanto Barcellos e Padilha?

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