domingo, 14 de dezembro de 2008
Ensaio sobre machado objeto e homem
Foi na branca carteira da sala da primeira série que me ensinaram que machado era substantivo concreto que nomeava um objeto cortante, de cabo de madeira e cabeça dura igual ferro. No ginásio, contudo, machado se promoveu, no meu então pobre e miúdo dicionário, a nome próprio: machado agora vinha acompanhado por Assis.
Ou melhor, Joaquim Maria Machado de Assis, um certo escritor pelo qual me encantaria, não só devido a sua pena afiada, como também por causa da associação que construí em torno de sua imagem: parece loucura, mas sempre vejo um machado de perfil entre a sobrancelha e a boca do homem Assis!
Insanidade à parte, Machado também marcou meu processo de amadurecimento intelectual e social. Isso porque demorei a compreender, por exemplo, a famosa frase dos "olhos de cigana oblíqua e dissimulada". Foi na prática, por outro lado, que descobri o que Bentinho sentia quando disse que conhecia "as regras do escrever sem suspeitar as do amor".
Enfim, o que estou tentando contar é que a palavra machado esteve e ainda está presente em minha formação. Todo esse texto, porém, é só uma tímida opinião de uma leitora machadiana. Afinal, "quem conta um conto" se prepara para receber as batatas ou para "brincar com fogo".
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